sábado, 9 de maio de 2009

Somos uns hipócritas

descarados, sem-vergonhas e traiçoeiros. Somos hipócritas por negarmos algo de nossa natureza, e o que é pior, reduzir tal situação ao nível de impureza, a um pecado. Falamos de privacidade e condenamos a "geração MP3 com fones-de-ouvido-ignorando-o-mundo-ao-redor". Falamos de corrupção e não abrimos mão de furar fila ou molhar a mão do guardinha. Falamos de solidariedade e somos os primeiros a fechar o vidro ou a cara quando cruzamos com pedintes no semáforo ou na porta de casa. Falamos de ética e não hesitamos em quebrá-la quando a situação pode tender a nosso favor. Criamos e elevamos leis ao nível de dogmas, mas as quebramos sem o menor vestígio de remorso.

Devíamos era, antes de sair em passeatas pelo fim da violência/corrupção/aquecimento global/consumo de carne/aumento do combustível/redução de salário/etc., analisar nossa consciência e nosso modo de agir e viver. Porque, já que sempre os errados são os outros, será que é mais fácil todos mudarem ou nós mesmos mudarmos? Ou nos é cômodo demais apenas exigir que os outros mudem? E como fica os que criticam o fim da privacidade, mas se recusam a dar um bom-dia para quem veem todos os dias?

Somos uns hipócritas. Imundos. Os animais mais desprezíveis do universo.

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