quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A grande lição do BBB 10


Pois bem, meus amigos, o programa sequer acabou e essa edição pode-se considerar entrada pra história. Porque o filho do Boni conseguiu algo que nem Sílvio de Abreu, nem Manoel Carlos, nem qualquer outro autor de qualquer outro gênero dramatúrgico conseguiu: criar um verdadeiro debate entre a homossexualidade, um assunto que, apesar de estarmos no muderrno século vinte e um, ainda é tabu.

Para contextualizar quem é metido a intelectual, que assiste Lost mas menospreza BBB por dizer que "não tem cultura" (malzaê Wilame, de pegar sua série favorita como exemplo): existem dois participantes da casa em especial, Dourado [direita] (aquele mesmo, do BBB4) e Dicésar, mais conhecido aqui fora como a drag Dimmy Kieer [esquerda]. Dourado, gaúcho, é lutador e, como boa parte da população, possui uma visão considerada retrógrada em relação a pessoas do mesmo sexo se relacionarem. Dicésar, um dos grandes nomes do movimento LGBTT, é uma das tantas esteriotipações gays (Serginho, de 20 anos, é outro). Como era de se esperar, há um enorme conflito entre os dois. Não só entre divergências de estratégias de jogo (aliás, não pretendo entrar nesse mérito hoje), mas porque há insinuações, seja de dentro da casa ou de fora dela, que Marcelo Dourado estivesse sendo homofóbico.

Eu tenho a minha opinião sobre isso e a guardarei para mim. Mas o que quero comentar é um fenômeno curioso que está acontecendo na sociedade brasileira: graças à esse embate Dicésar vs. Dourado, as discussões sobre homofobia e direitos homossexuais estão efervescendo mais do que nunca. Fóruns e blogs, que antes só diziam asneiras sobre o programa, agora refletem seriamente e embasadamente (bem, alguns apenas levantam sua bandeira, quer ela pró ou antihomo), e estimulam representantes dos dois lados, para discussões que vão muito além das esferas do Big Brother Brasil, e englobam como o diferente é visto na sociedade, entre outros aspectos. Conseguiu melhor discussão do que, por exemplo, o caso daquele casal de lésbicas em Mulheres Apaixonadas, vividas pela Bárbara Borges e a Alinne Moraes.

Parabéns a todos da produção do programa que tiveram a brilhante ideia de confrontar duas pessoas diferentes. Mas mais parabéns ainda por promover e estimular um debate sobre um dos maiores tabus da sociedade brasileira. Se aceitarem uma sugestão para o programa que vem, coloquem um ex-presidiário e um delegado de polícia na casa. Aí veremos outro bom debate.

2 comentários:

Wilame disse...

Que é isso Nino! Pode falar dos telespectadores pseudo-intelectuais de "LOST", o quanto quiser!!! Curto várias séries, mas das poucas que não curto, "LOST" está entre elas! (por mim não tem problemas, mas para os fãs da série, isso já não sei!)

Sobre o assunto do post, realmente louvável essa discussão do tema!
"Nunca na histórias desse país" foi discutido tal assunto com tanta liberdade, fazendo as pessoas pesquisarem sobre e falarem com tanta propriedade!

Há sempre o que aproveitar dos programas da TV aberta ditas "sem cultura".

Nino disse...

Com certeza...
por falar em "coisas sem cultura", bom carnaval a todos!

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