sábado, 14 de março de 2009

Ronaldo e a volta fenomenal

Durante a semana que estive ausente, não se falava em outra coisa. Eu, como palmeirense, tive que aguentar com certo pesar a repetição quase que ininterrupta, nessa semana, daquele gol de cabeça que redimiu o Fenômeno. Mas, apesar de tudo, torço por ele, e fiquei feliz por seu excelente retorno aos gramados. Do mesmo jeito que Jardel, no meu I Love You Ferrão.

Mas agora me despirei (tá certo?) do meu manto verde por um intante para analisar a repercussão da mídia ante o caso Ronaldo.

Primeiro, é certo que se diga que há muito interesse envolvido. Da Nike, que é patrocinadora pessoal de Ronaldo e também do Sport Club Corinthians Paulista. Da Rede Globo, que via em Ronaldo como uma maneira de chamar a atenção dos telespectadores para o Campeonato Paulista, que vem cambaleante na audiência nos últimos tempos. Do presidente Lula, o mais ilustre torcedor do time de Parque São Jorge. Mas, segundo alguns blogs, muitos de alta credibilidade, nenhum deles interferiu na volta imediata de Ronaldo.

Vamos para quarta-feira, dia 4 de março. Copa do Brasil: Itumbiara e Corinthians, em Goiás. O Estádio JK estava em polvorosa com a escalação do Fenômeno pelo técnico Mano Menezes. Todos os comentaristas de todas as emissoras de rádio e televisão clamaram por uma entrada do craque no segundo tempo, ainda que fosse. Pedido aceito, mas, até então, nada além de um drible.

Então chegou o dia 8 de março. Dia Internacional da Mulher e clássico. Palmeiras e Corinthians, no Prudentão, em Presidente Prudente/SP. A partida, que marcava o primeiro confronto já com a marca Dérbi, iniciativa das diretorias dos dois clubes (que, entre outras iniciativas, possuía escudo nas camisas de ambos os times e uma taça simbólica que), tinha um toque especial: do lado verde, o jovem Keirrison, da minha idade, o K-9, e o R-9, o experiente e retumbante Ronaldo.

Como o jogo foi muito chato no primeiro tempo, pularemos pro segundo, que é onde tudo aconteceu. O Palmeiras saiu na frente com gol de Diego Souza, num belo passe de Keirrison. Então o time de Parque Antarctica dominou o time de Parque São Jorge até os trinta minutos, mas eis que Mano Menezes coloca o Fenômeno em campo. E então o Corinthians passa a ameaçar mais o gol de Bruno. Até os corintianos mais roxos sabiam que o time melhorara de fato.

E então aconteceu um daqueles fatos que fazem todo amante de futebol se arrepiar...


Último minuto de jogo. Depois de um ataque perigoso do Corinthians, o jogador palmeirense Fabinho Capixaba joga a bola pra escanteio. Douglas bate o córner e a bola caprichosamente para na cabeça de Ronaldo. Não adiantou o olhar de Danilo a Marcão; Bruno nem sequer se esforçou para pegar a bola. É gol. A comemoração do Fenômeno é efusiva: ele pula no alambrado do estádio, que acaba cedendo (não com o peso dele, pra deixar bem claro!).

Estou descrevendo a cena com bastante detalhe porque ela foi repetida à exaustão em todas as televisões do país. Era a volta do craque. O renascer da fênix. Mais uma volta por cima do eterno número 9.

Ronaldo cedeu várias entrevistas desde então. Assim que saiu do alambrado, Ronaldo falou com o repórter da Globo Mauro Naves. Deu entrevista para Luciano Huck, Serginho Groisman e Galvão Bueno. Feliz, sorridente: nada mais natural. A mesma reação não foi obtida quando o repórter da Bandeirantes Nivaldo de Cillo, que foi o primeiro a chegar no campo depois da cena do alambrado. Ronaldo reclamou da privacidade e de ter levado "outra microfonada" na cara. Ele sequer pisou na Record. Foi curiosa a cena: o rosto carrancudo do R-9 se desfez ao ouvir a voz do repórter global.

Outra coisa curiosa é que, até antes do clássico, o Corinthians era o único dos grandes de São Paulo a não ter patrocinador na camisa. E, quando o time do Parque São Jorge entrou em campo, o logotipo na camisa, além dos do Timão e da Nike, era o da empresa de cartões de crédito Visa, seguido da palavrs "Go.", que fazia parte da nova campanha global da empresa. Só não sei dizer qual o valor do patrocínio e nem se foi só para o clássico ou a Visa estampará sua marca na camisa alvinegra até o fim da temporada. [Edit: o patrocínio foi só para aquela partida. Fala-se em um patrocinio de dez meses com o grupo de supermercados francês Carrefour, que incluiria a volta do craque Zinedine Zidane ao futebol, jogando pelo Corinthians. A informação foi dada pelo repórter Fernando Fernandes agora há pouco, dia 15/3, na transmissão da partida contra o Santo André.]

Ronaldo fez outro gol, esse mais com sua marca, na quarta-feira contra o São Caetano, no Pacaembu. Apesar de Ronaldo ter começado jogando e ter feito um golaço, esse gol não teve tanta repercussão quanto o primeiro, justamente por não ser mais novidade, por não ter sido o primeiro.

Enfim, tudo isso é muito bom pro futebol brasileiro, tererê e tarará. Mas é bom termos cuidado, para separar o que é oba-oba, o que é só fanfarra, do que é a verdade. Coisa semelhante ocorre na Fórmula 1, envolvendo o meu heroi Rubens Barrichello e a sua nova equipe, a Brawn GP.

Mas isso é papo para outro post, em outro dia...

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